I. "Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida", Sérgio Godinho


Em tempos, este foi um blogue onde deixava as minhas crónicas sobre todos os concertos e mais alguns, além de curtas opiniões sobre discos. Entendo que, por escrever sobre todos os eventos a que ia, poucos estavam a ser sentidos como realmente mereciam. Era uma espécie de piloto automático, chegando aqui e despejando texto só porque sim, em vez de fazer dos dedos marionetas do coração, descrevendo de forma intensa e apaixonada o que um dia levarei comigo para o outro mundo. Por isso perdi o interesse. Deixei de escrever e este cantinho foi esquecido pela crueldade do tempo, o espelho de mim mesmo. Porque sem colocar toda a força da alma ao serviço de algo, dificilmente as pilhas duram. Este espaço servirá, a partir de agora, para ir registando momentos relevantes de uma agridoce existência. Um ou outro vivido no passado, que me vá lembrando, e os que ainda estão guardados pelo misterioso futuro que nos está reservado. Apenas esses. Qualquer evento, qualquer emoção podem ser dignos de serem recordados (não apenas concertos, nem sem critério), desde que se distinga, na companhia de uma ou mais imagens que o ilustrem. No fundo, este abrigo é a resposta à questão: o que gostarias de recordar quando a idade já não lembrar? Porque o caminho, esse, faz-se caminhando e é um baú de memórias que não deve ser desvalorizado. Somos o que vamos apanhando ao longo da caminhada. E, eu, sou isto que escrevo. Com toda a certeza, não sou o mais interessante dos livros, nem sequer das capas, mas sou eu. Sinceramente.

C.